Boliche é Esporte?
  por Márcio Vieira

Ao longo dos anos, seja em entrevistas ou papos informais, sempre ouvi esta mesma pergunta – Esporte ou Lazer? Nunca tive um pingo de dúvida – Graças a Deus, os dois. No entanto recentemente tenho reparado um pouco mais de ceticismo com relação a parte de esporte. A gota d’água que motivou este artigo foi ter recebido a mesma pergunta do Paulinho Villas Boas, medalha de ouro em basquete no inesquecível PAN-87 em Indianápolis e hoje membro do departamento técnico do Comitê Olímpico Brasileiro – COB. 
 
Tom Clark, famoso colunista americano de esportes se rendeu a este fato e comenta que este é um debate simplesmente estúpido. O boliche preenche todos os requisitos necessários para ser considerado um esporte mais do que muitos dos “reconhecidos” olimpicamente. É necessário um certo “dom”, muita coordenação olhos-mão, tempo de movimentos cadenciados e inter relacionados entre a parte superior e inferior do corpo, mente estratégica, perseverança e nervos para momentos de decisão. Além do mais seus resultados são medidos dentro de uma mesma competição por contagens matemáticas e inequívocas, nada comparado a observações implícitas como em saltos ornamentais, patinação no gelo, ginástica rítmica, etc. 
 
O estereótipo do lazer de fim de semana, cerveja x boliche x batata frita pode não ajudar, mas o jogador federado de boliche é por todos os critérios um verdadeiro atleta. 
 
Não podemos ceder ao fato que somente músculos e tamanho definam quem é ou não um atleta, que pratique ou não um esporte. Novamente o fato de que “qualquer um” pode jogar boliche depreciar nosso esporte é de um absurdo inacreditável. Quantos de nós já não jogamos futebol de areia, várzea ou salão por anos a fio como lazer? 
 
Alguém duvida que futebol não é esporte apenas pelo fato que milhões o praticam como lazer no mundo inteiro? Ou como respondi ao Paulinho Villas Boas: — Quantas vezes já joguei garrafão ou brinquei de fazer cestas de basquete por lazer? E o aspecto pressão Paulo? Será que os 30 ou 40 lances-livres que você converte em treinamento (como nossos strikes em prática), são a mesma coisa que durante um jogo? Encha a arquibancada de torcedores, atletas adversários e transmissão ao vivo. Converta agora seus 30 ou 40 lances-livres consecutivos! 
 
Num jogo de futebol, imagine-se um lateral direito por exemplo e como nos meus sonhos, imagine-se um jogador de boliche profissional americano na televisão. Quem você acha que está mais pressionado permanentemente? Quantas situações extremas acontecerão para cada atleta durante o jogo? 

Portanto quando alguém lhe perguntar, responda com veemência:
— Boliche é esporte! Não há motivos para dúvidas.  
 
Bom jogo a todos os ATLETAS deste ESPORTE.

Márcio Vieira

vieira@globo.com

março/2003

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