Olá!!!

Nessa entrevista, vamos conhecer um pouco mais dessa atleta, que lutou muito para conseguir sua classificação nos jogos Pan-americanos, que será realizado em julho no estado do Rio de Janeiro este ano.

Empresária, 43 anos, casada, federada pela Federação Paulista de Boliche, ROSELI SANTOS sempre esteve entre as principais jogadoras de boliche do país. Na data da entrevista ainda não era sabido sua convocação. Parabéns, boa sorte e que consiga trazer bons resultados para o esporte!

Foto: Lu Pitangueira

Lu Pitangueira – Como e quando o boliche apareceu em sua vida?

Roseli Santos – Foi em 1995, em um momento bastante difícil de minha vida. Foi quando me separei de meu primeiro casamento. Em uma hora de muita aflição eu procurei alguma coisa para clarear a mente, e achei o boliche.

LP – Começou “brincando” ou já com instrutor, com técnica?

RS – Não, foi assim: comecei com a Marli de São Paulo, ela era jogadora do clube Banespa e foi me acompanhando, entrei em torneios e fui me interessando por material, bolas, e procurei as técnicas para que eu pudesse subir dentro de um ranking de um clube e federação.

LP – Qual seu clube hoje?

RS – Meu clube hoje é o Ribeirão Preto.

LP – Qual foi sua primeira participação em torneio nacional?

RS – Foi no clube Banespa na época, onde fomos vice-campões na segunda divisão.

LP – E internacional?

RS – Meu primeiro torneio internacional foi no Egito para o Mundial AMF.

LP – O que você achou das eliminatórias para o PAN?

RS – Acho que foi um trabalho muito eficiente da nossa Confederação, onde conseguiram colocar dois tipos de condicionamento das pistas, dois óleos em todos os lugares de competição. Foi um trabalho árduo para nós atletas, pois tivemos que viajar com várias bolas, vários materiais. Mas, eu que vim agora de um ODESUR, eu pude ter a consciência de quanto valeu isso para nós atletas! Eu acredito que esse trabalho que foi feito tecnicamente dos dois óleos aqui no Brasil, foi maravilhoso para quem foi jogar lá fora, tanto que conseguiu trazer grandes resultados.

LP – Como foi ODESUR? Como é jogar fora do país?

RS – Eu posso te dizer que jogo melhor lá fora do que aqui no Brasil.

LP – Por quê?

RS – Eu não sei. Acho que meu trabalho aparece mais do que no Brasil. Eu consigo me alinhar mais. Tenho grandes médias, melhores resultados do que aqui no meu país. No ODESUR foi ótimo, eu consegui terminar no geral de 24 linhas em 4º lugar, fiquei a 20 pinos da medalha de bronze e consegui trazer 4 medalhas para o Brasil. Fomos prata na fase de duplas, eu e a Jacque Costa, ficamos a 18 pinos da medalha de ouro. Fomos o terceto prata, a 20 pinos da medalha de ouro e no geral nós jogamos muito bem (quarteto), mas, nós tínhamos uma atleta novata, que está começando agora, acho que pesou muito o último dia para ela. Eu, Jacque e Marizete Scheer fizemos uma média bastante expressiva. Foi uma pena. Ficamos em 3° no geral, 3º em quarteto, mas a gente tem uma equipe muito boa. Acredito que as 4 melhores atletas hoje é o que está aparecendo, é o que está aí, são as concorrentes ao PAN.

LP – Como é seu treino no boliche?

RS – O meu dia a dia no boliche é assim: eu tenho meu marido, Antônio Carlos, que é jogador de boliche também, é meu treinador e atualmente eu tenho treinado de 3 a 4 vezes por semana no Shopping Interlagos. Estou terminando o ano (2006) muito cansada, penso que preciso de umas férias, foi um trabalho bastante difícil. Consegui graças a Deus bons resultados e espero e quero, se assim a comissão técnica achar, estar no PAN.

LP – Toda a família joga boliche?

RS – Eu tenho 3 filhos. O Arthur jogava, agora está parado. O Charles que é da Seleção Juvenil de Boliche e este ano conseguiu 2 medalhas de prata, uma no Interamericano e a outra em Miami. E tenho o caçula de 6 anos que me acompanha quase sempre.

LP – Ele gosta? Será que jogará boliche?

RS – Com certeza. Já tem bola, já treina e todo momento que a gente viaja ele trás a bola e fica perguntando: mãe que hora eu vou jogar?

LP – Você sentiu muita diferença entre os boliches de São Paulo, Rio, Bahia, Minas?

RS – Tecnicamente cada boliche tem uma história. Depende muito da máquina de gel, cada superfície de cada boliche reage de maneira diferente no óleo curto ou longo. Acredito que a maior dificuldade que teve no gel para mim foi em Minas Gerais. Eu não achei tecnicamente que aqui no Cosmic a máquina tenha sido tão eficiente quanto foi em outros estados.

LP – Você acredita mesmo que o Brasil tem chances de medalhas no PAN?

RS – Tem, tem muita chance de medalha! Agora que saiu a classificação das quatro atletas é que realmente vai se começar um grande trabalho. Vamos ter que nos dedicar muito, tecnicamente trabalhar mais. O objetivo é medalha no PAN. E para isso tem que ser feito um trabalho muito árduo. Treinar todo dia, pensar na bola, dormir na bola e acordar na bola!

LP – A distância geográfica entre as participantes do PAN pode afetar o desempenho da equipe?

RS – Eu creio muito na competência de nosso diretor técnico, que é o Caco Cruz. É uma pessoa bastante coerente e competente. Acredito que para isso dar certo, tanto as atletas de São Paulo ou de Minas, teriam que ficar um tempo morando no Rio de Janeiro. Para conhecimento da pista, para maior vivência, se acostumar com o ambiente. Se esse trabalho for feito terá de ser no estado do Rio. As pessoas que forem escolhidas devem estar preparadas para essa mudança. Dedicação e amor ao esporte, amor a esse empenho. Só acredito que haverá condições da gente chegar a uma medalha, se convivermos exatamente onde vai acontecer esse evento.

LP – E isso não atrapalharia sua vida?

RS – Acho que quando se busca esse momento, não é uma coisa eterna, é um momento passageiro, então, se estamos buscando isso, é preciso se dedicar! A família tem que entender um pouco, os filhos também tem que entender. O que é o objetivo hoje? É uma medalha no PAN? Então vale o esforço, vale tudo o que a gente vier a fazer daqui para frente!

LP – Você tem patrocínio?

RS – Atualmente tenho o patrocínio do Clube de Ribeirão Preto.

LP – Seu melhor momento no esporte?

RS – Foi agora no ODESUR. Foi um ano em que eu trabalhei muito e consegui colocar todo o meu trabalho, todo o meu empenho, tudo aquilo que eu aprendi e que desenvolvi apareceu no ODESUR. Eu fiz 204 de média. Ajudei o Brasil na dupla, no terceto e quarteto. Meu trabalho foi bom! No Torneio das Américas também foi bom este ano, eu e a Jacque fomos bronze na fase de duplas. Acho que se nós tivéssemos mais oportunidades de jogar fora do país, poderíamos trazer belos resultados para o Brasil.

LP – Seu pior momento?

RS – É aquele torneio que você chega bem empolgada, planeja uma estratégia e aquela estratégia não dá certo, não teve tempo de se formar uma nova estratégia, e acaba não se fazendo um belo torneio. Esse ano fui uma pessoa mediana em todos os torneios, consegui segurar as eliminatórias. No ano de 2006 acho que não tive um pior momento. O pior momento foi quando eu fiquei fora de um interamericano que teve na Argentina. Eu fui a 7º atleta, eu tinha chances, mas tiraram 1 torneio e eu fiquei fora. Aquilo me magoou bastante, mas foi uma grande força para que eu me empenhasse mais, e a partir daquele momento eu não fiquei fora mais de nenhuma seleção.

LP – Seus títulos mais importantes.

RS – O sul-americano de 2004 no Uruguai onde nós ganhamos ouro no terceto, prata em equipe, prata no geral. A equipe era formada por mim, Dayse Silva, Marizete Scheer e Jacque Costa. Equipe maravilhosa. Eu quero dar um destaque muito importante a Lucia Vieira, que foi a nossa técnica em 2004, foi nossa técnica no ODESUR e acho que todas essas conquistas têm um pouquinho dela.

LP – O melhor jogador hoje no Brasil.

RS – Eu não gostaria de destacar apenas um. No feminino a Jacque é uma grande jogadora, uma grande companheira, eu torço muito para que ela esteja no PAN, gostaria de ser a parceira dela no PAN. Acho a Marizete Scheer também uma pessoa muito competente. A Roberta Rodrigues está chegando, é uma pessoa nova, mas eu particularmente acho que ela ainda não está preparada para este torneio. Entre os homens, eu vejo um talento grande de nosso amigo Fabio Resende e uma revelação fantástica que é o Rodrigo Hermes. Ele está mostrando que tem potencial, está se superando, a cabeça cresceu muito. Temos o Juliano Oliveira, um grande jogador e o Marcio Vieira tecnicamente como nunca. São Paulo, Rio e Minas possuem grandes jogadores. Atualmente dou maior destaque para Fabio Resende e Rodrigo Hermes.

LP – Você acredita que na Bahia um dia possamos ter um grande jogador?

RS – Com certeza. O boliche não depende de físico, nem nada. O boliche é técnica, é treinamento, é repetição, é concentração, e isso qualquer pessoa pode adquirir a qualquer momento. Precisa estudar um pouco mais, se dedicar um pouco mais e principalmente ter material. Isso ajuda muito o atleta. O mais interessante é você buscar. Porque existem pessoas aqui no Brasil que podem ajudar bastante, principalmente a Bahia. Você tem que procurar as pessoas certas para esse treinamento, porque isso é uma evolução e eu vejo a Bahia hoje no topo de evolução.

LP – Que conselhos daria para quem está começando agora no esporte?

RS – Em primeiro lugar procurar alguém que possa lhe dar aulas, como o Fábio Rezende em São Paulo. Se a pessoa não tiver isso na Bahia, que ela viaje até São Paulo, Minas ou Rio, procure esse professor para que ela tenha os primeiros passos. É muito importante que você tenha os primeiros passos, o chamado timing. A primeira coisa que se precisa ganhar é o seu timing. Tendo isso, o resto vai se aprendendo aos poucos.

LP – Sua maior virtude como atleta?

RS – Difícil dizer. Acho que é minha garra! Sou muito de buscar, luto muito. Quando a pessoa diz: Roseli você precisa tri-ligar. Pode contar comigo. Sou uma pessoa muito, muito de raça!

LP – Entre todos os torneios que temos no Brasil, qual você mais gosta de participar?

RS – Brasileiro Individual. Depende exclusivamente de você! Não depende de ninguém. Consegue-se jogar solto, sem pressão.

LP – Suas metas como atleta?

RS – Tenho uma meta de chegar à primeira do ranking brasileiro em 2007.

LP – Do que você precisa para ser feliz?

RS – Têm-se vários momentos na vida. Momentos difíceis, de alegrias, de tristezas, isso tudo passa na vida de cada um. Ter saúde é fundamental, sem saúde não se consegue ser nada. O mais importante nessa vida não é dinheiro, não é nada, é ter saúde! O resto se completa!

LP – Um defeito que detesta em você.

RS – Meu jeito marrudo. (risos) Às vezes eu me tranco, eu não gostaria de ser, mas ...

LP – O que mais despreza em uma pessoa?

RS – A falta de caráter.

LP – Do que você se arrepende?

RS – De nada.

LP – Um filme inesquecível.

RS – Ases Indomáveis com Tom Cruise.

LP – Uma música inesquecível.

RS – Garota de Ipanema.

LP – Um livro.

RS – Eu não leio. Não gosto de leitura. Gosto de ler apenas jornal.

LP – Herói de ficção.

RS – Batman.

LP – Quem levaria para uma ilha deserta?

RS – Minha família.

LP – Quem deixaria lá para sempre?

RS – Ninguém.

LP – Qual seu maior medo?

RS – De morrer.

LP – Refeição preferida?

RS – Carne moída com arroz.

LP – Uma mulher bonita.

RS – Luiza Brunet.

LP – Um homem bonito.

RS – Tony Ramos.

LP – Uma recordação de infância.

RS – É muito triste, mas, foi quando eu perdi minha casa em uma enchente. Eu muito pequena, fui tirada de barco de minha casa, saí com quase dois metros de água, eu e minha família. Uma recordação triste, mas que eu nunca tiro de minha mente.  Eu tinha cinco anos e devo realmente minha vida aos bombeiros de São Paulo.

LP – Perfume preferido.

RS – CK One.

LP – Cantor e cantora.

RS – Elba Ramalho e Vinicius de Morais.

LP – Ator e atriz.

RS – Débora Bloch e Tony Ramos.

LP – Tenho mania de ...

RS – ... dormir muito tarde.

LP – Quando quero relaxar ...

RS – ... vou para a ginástica.

LP – Gostaria de ser por um dia ...

RS – ... uma fadinha.

LPAdoraria aprender ...

RS ... a jogar melhor.

LP – Ainda quero ...

RS ... Jogar muito bem.

LP – Meu sonho é ...

RS ... primeira do ranking brasileiro.

LP – Melhor presente que ganhei ...

RS ... a minha família.

LP – Que animal você gostaria de ser?

RS – Um cachorro.

Entrevista concedida em 10/12/06

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