OLÁ!!!
Falar de talentos
é sempre bom, e isso é o que não falta nesse atleta. Perseverança,
determinação e disciplina é o lema, insistir sempre, desistir jamais.
Solteiro, lindo, simpático, agradável e, além disso, joga
demais!! Nascido em Foz do Iguaçu, Paraná, empresário, formação em Educação Física, 24 anos,
RODRIGO HERMES é hoje um forte candidato a trazer para o
esporte uma medalha nos jogos Pan-americanos em julho na cidade do Rio de
Janeiro. Nas pistas pode ser comparado com um animal quando observa e
ataca sua presa, seu “approach” e saque costumam ser mortais. Lindo de
se ver. Boa sorte sempre! Você merece!
(Foto por Lu
Pitangueira)
Lu Pitangueira –
Quando e como o boliche apareceu em sua vida?
Rodrigo Hermes –
Apareceu em 1996, quando em Foz do Iguaçu meu tio construiu um boliche e
eu comecei a brincar de jogar. Depois de um ano brincando, o Benê Villa
esteve em Foz para passar seus conhecimentos através de uma “clínica”,
e eu fiz essa “clínica”. Aí sim comecei a jogar boliche com um pouco
mais de seriedade e técnica.
LP – Ele é seu técnico
hoje?
RH – Desde 1997
ele é meu técnico. Mesmo ele morando em São Paulo
e eu em Foz. A
gente não se via sempre, mas, o tempo todo ele foi meu técnico, me
ajudou bastante, eu devo muito a ele. Lógico que viajei para fora do país
e conheci muitas pessoas importantes que também me ajudaram muito, como o
pessoal do México, o Arthur Quintero, Mario Quintero, o Juliano me ajudou
muito também. Várias pessoas me ajudaram, mas, quem realmente me
“criou”, “modelou” a maior parte do meu jogo foi o Benê.
LP – Qual foi sua
primeira competição fora de Foz do Iguaçu?
RH – Foi um Campeonato Brasileiro de novos, em 1997, São Paulo. E foi bem “bacana”, achei
bem divertido, o astral do pessoal. Fiquei em 4.º lugar. Eu tinha 15 anos
e foi bem interessante.
LP – O Paraná
tem Federação?
RH – O Paraná
tinha uma Federação bem forte quando eu comecei a jogar, em 1997, 1998,
até 2000 se não me engano. O presidente era Geraldo “Pomagersk” e tínhamos
jogadores excelentes, o próprio Geraldo, Reinaldo o Álvaro, o time era
muito bom. A Federação era bem “legal”, sempre tinha “ligas” com
uns 40 participantes, era bem divertido. Faz uns 2 ou 3 anos que está
extinta da CBBOL, não está mais disputando campeonatos, participando dos
eventos, então acabou sendo extinta infelizmente. Mas, era muito boa.
LP – Como é seu
dia, treino?
RH – Faz 10 anos
que moro em Curitiba, fui estudar, me formei e trabalho lá hoje. O meu
dia a dia é: acordo 9 horas da manhã, faço aulas de inglês das 10 às
11 horas diariamente e treino das 11 às 14 horas diariamente de segunda a
sábado. Trabalho das 14 às 22 horas de segunda a segunda e faço
academia de ginástica três vezes por semana das 22h à meia noite. Então é
bem “puxado”.
LP – Trabalha com
o que?
RH – Confeitaria
e panificadora. É um trabalho bastante desgastante, são 364 dias por
ano, só Natal que a gente não abre.
LP – Quando foi
sua primeira participação internacional?
RH – Foi em 1998
nos jogos Odesur no Equador. Na seleção brasileira juvenil. Juvenil não
era Odesur né? Mas, eram os jogos da seleção adulta do Odesur, até os
uniformes eram do Odesur, mas eram jogos sul-americanos. Até que joguei
bem, eu e o Fabio Soares conseguimos medalha de prata na dupla.
LP – Jogos
Pan-americanos, o que você acha das eliminatórias e acredita que tem
chances?
RH – Eu acho que
está sendo o maior desafio de minha vida. São dez eliminatórias, com
condicionamento de pistas de um nível bem elevado. Acho justas essas
eliminatórias. Foi um ano impressionante, de muita dificuldade. Comecei o ano não jogando bem, recebendo muitas críticas, o pessoal me
criticou muito. Que “o Rodrigo tinha morrido”, que “o Rodrigo já não
era o mesmo”, que “o Rodrigo não agüentava pressão”. Pensei
muito, eu não sabia se eu queria ou não... por causa da minha empresa,
é o segundo ano de empresa então meu pai exigindo muito no trabalho, meu
irmão também. Eu não tiro a razão deles por isso, eles não sabiam
aonde eu poderia chegar com o boliche.
Até o meio do ano eu estava muito dividido, eu não sabia
realmente o que eu queria. Eu queria o boliche e queria a minha empresa,
então era uma dificuldade grande de eu conciliar as duas coisas, que é
muito difícil. Chegou um momento que eu estava praticamente fora dos
quatro primeiros e uma das últimas possibilidades que eu tinha era o
brasileiro. Coloquei na minha cabeça que eu tinha que lutar até o final,
independente do que acontecesse eu não poderia desistir. Independente das
dificuldades e críticas eu iria até o final. Estou fazendo um trabalho
de “mental” muito bom, com uma psicóloga competente e o resultado
acabou vindo na hora em que eu mais precisava.
LP – Sua família o apóia?
RH – Sempre me
deu total apoio, meu pai minha mãe e meu irmão. Devo muito a eles, a
vida inteira me apoiaram demais. E justamente agora que eu estou
evoluindo, crescendo com meu treinamento, com as minhas conquistas, eles
estão se empolgando bastante.
LP – Patrocínio?
RH – É difícil.
No Brasil você tem que “correr atrás”, se dedicar muito, e eu como
trabalho, não tenho tempo para ficar procurando patrocínio. Hoje o que
está me segurando é a minha empresa e eu tenho o patrocínio da Dragon
Bowling, uma rede de boliches no Brasil, na Argentina e na China também.
Eu já tenho o patrocínio deles a muito tempo, e isso é realmente
importante para mim, pois, para eu conseguir treinar e evoluir, eu preciso
disso. Mas, patrocínio extra treinamento eu não tenho nada.
LP – É verdade
que é você que condiciona a pista para treinamento?
RH – O boliche de
Curitiba era um boliche muito bom, ele foi reformado e trouxeram as pistas
do Morumbi, da AMF, que é o primeiro boliche que surgiu no Brasil. Então,
essas pistas são bem antigas, muito velhas, e parece que uma vez teve uma
enchente e molhou as pistas no Morumbi, elas empenaram. A qualidade não
é tão boa. As pistas estão em Curitiba, elas são um pouco tortas. A máquina
de óleo não consegue passar o óleo porque o rolo é reto e a pista não
é plana. Não pega óleo na pista. Eu tenho que todo dia no meu
treinamento, antes de treinar, eu perco na faixa de 45 minutos a um hora para
fazer a limpeza da pista, a passagem do óleo e a limpeza do
“approach”. Tenho que lavar a pista inteira com água quente e álcool,
passo óleo no rodo, na pista, quantos pés eu quero, eu não consigo
medir muito bem a quantidade de óleo que a gente passa no rodo. Tudo para
que eu consiga jogar.
LP – Mas não
existe pessoa qualificada no boliche para isso?
RH – Eu passei o
ano inteiro fazendo isso. Esse mês agora eu ensinei alguns mecânicos do
boliche e eu estou pagando para eles fazerem. Em Curitiba o boliche ainda
não está voltado para o lado profissional e sim para o comercial. Eu não
me incomodo de fazer isso! Na época em que eu estava limpando as pistas,
eu levava isso como uma coisa de “garra” de “raça”. Mentalizava
minhas vitórias enquanto limpava a pista. Já servia como um trabalho
mental antes mesmo do treino. Eu estava calculando quantas horas eu limpei
a pista durante esse um ano de treino, estava dando mais ou menos 24 horas
por mês só de pista lavada, (risos), é um fato interessante! (risos)
LP – Nós podemos
ter um bom desempenho no Pan-americano?
RH – Acredito que
independente de quem for o Brasil está bem preparado. Acho que o sonho de
qualquer um dos quatro atletas classificados é o de trazer uma medalha inédita
para o país. Estou “mentalizando” isso todas as noites, até colei no
teto de meu quarto o logotipo do Pan-americano e uma medalha de ouro do
lado. Toda noite eu visualizo isso e é isso que eu quero.
LP – Seu melhor
momento no esporte.
RH – O
Sul-americano que teve agora foi um momento muito especial. Acho que
quando se joga em equipe, o “astral” e energias das pessoas é
contagiante. Se não foi o melhor, foi com certeza um dos melhores
momentos.
LP – Pior
momento.
RH – Existem
alguns momentos ruins, mas, eu tento não lembrar, não penso muito nisso.
LP – Títulos
mais importantes.
RH – A primeira
medalha que ganhei no Juvenil, no Odesur, de prata, em dupla, eu e Fabio
Soares. Torneio das Américas, eu e Juninho, bronze. O título brasileiro
desse ano, 2006. O Transamérica desse ano, prata na fase individual e o título
do Brasil ser penta campeão sul-americano, uma medalha de prata no Master,
acho que foram os mais importantes.
LP – Por que
passar a mão na sola do sapato tantas vezes?
RH – È que eu
tenho um jogo um pouco agressivo, então a minha chegada é um pouco forte
e se o sapato estiver um pouco sujo, posso escorregar demais e é
perigoso. No começo era para eu não deslizar tanto, mas com o passar do
tempo acabou se tornando uma rotina, um hábito. Uma rotina boa, até
conversei com minha psicóloga, ela achou isso interessante. Não teria a
quantidade de vezes exatas, é um número que eu me sinta confortável.
Quanto mais tenso estou, mais vezes eu passo a mão no sapato! (risos)
LP – Em sua opinião
qual o melhor jogador do Brasil hoje?
RH – O primeiro
do ranking, Fábio Rezende.
LP – O melhor que
você já viu jogando?
RH – São muitos,
Andrez Gomes e Mario Quintero, por exemplo.
LP – Quantas
partidas “perfeitas”, 300?
RH – Oficial,
nenhuma.
LP – Pressão,
azar?
RH – Não, talvez
pressão, talvez não esteja no momento certo. Quem sabe pode ser amanhã,
estou querendo “bater” todo dia, já,já, sai. (risos)
LP – Por que a
Bahia para ser sua Federação?
RH – Quando eu saí
do Paraná fui para São Paulo, e acho que joguei uns seis meses ou um
pouco mais pelo clube ABC, foi “legal”, o pessoal me recebeu bem.
Depois eu recebi um convite de Tuca Maciel para jogar pela Bahia, e eu
sempre gostei das pessoas de lá, me receberam muito bem também. Achei
uma federação organizada e competente, aceitei e estou satisfeito com a
federação baiana.
LP – Que
conselhos você daria para aqueles que estão começando no esporte?
RH – Eu sou um
pouco suspeito para falar, pois sou formado em educação física, estudei
muito sobre treinamento e alto rendimento, e é isso que estou fazendo.
Acho que qualquer esporte que se faça, disciplina em primeiro lugar e
treinamento é fundamental. Estou há um ano treinando todos os dias,
diariamente, sem faltar nenhum dia. É uma coisa difícil, existem dias que
você acorda e está muito cansado e pensa: “Ai meu Deus, não vou
treinar hoje”! Mas, esse dia vai fazer a diferença, esses dias que você
está mais cansado, os dias em que você não quer ir, são esses dias que
fazem a diferença. Não adianta também treinar com uma má alimentação,
com pouco sono, que o treino também não vai ter um bom rendimento. Não
adianta treinar por treinar. Cada dia que você entrar no boliche para
treinar, você deve sair sendo melhor. O conselho é disciplina e
acreditar. O poder da mente, de nossa cabeça é muito grande, tem que
acreditar. Até o meio do ano todos falavam que eu não estaria no PAN,
que eu era uma “carta fora do baralho”. Hoje eu me imagino
participando e até ganhando medalha no PAN, porque estou bem preparado,
treinado, fazendo um trabalho “legal”. Treinamento, disciplina, dedicação
e nunca, nunca desistir!
LP – Qual sua
maior virtude como atleta?
RH – Dedicação
e “raça”. “Alma e raça”. Jogo com a alma e tenho a raça dentro
de mim!
LP – Qual o
torneio que mais gosta de participar no Brasil?
RH – Os que são
no Rio de Janeiro. Eu gosto muito do Rio. Joguei vários no Barra Bowling,
a maioria eu ganhei. Tive duas namoradas cariocas (risos). O Rio é uma
Curitiba com praia. Sou apaixonado pelo Rio.
LP – Como é sua
vida social?
RH – Esse ano
acho que é possível contar nos dedos quantas vezes eu “saí”. Creio
que duas ou três vezes no máximo. Eu tenho objetivos. Jogar o PAN. E
chegar preparado para uma futura conquista.
LP – Suas metas
como atleta.
RH – Fazer um
“tour” na Europa em março de 2007. Porque a grande dificuldade dos
atletas brasileiros no PAN será a pressão. Por estar jogando em casa,
buscando medalha inédita, etc. Eu preciso me preparar psicologicamente
para esse campeonato, com um nível bastante elevado, difícil. Eu estava
querendo ir para Las Vegas em fevereiro, mas, estou achando complicado por
causa de minha empresa. Então, devo jogar uns quatro eventos na Europa
para me preparar para o pan-americano. Meu objetivo maior é ele. Depois
do PAN, darei ênfase maior para fora do país, Europa e Estados Unidos.
LP – O boliche é
forte na Europa?
RH – Hoje o
“tour” europeu está bem, forte, tem muitos torneios, a maioria com
uma boa premiação em dinheiro. Está crescendo bastante. Os atletas do México, USA, estão participando. É um
“tour” difícil, muito competitivo, mas, acredito que se eu continuar
treinando e me dedicando dessa maneira... tenho que acreditar né?
LP – Do que você
precisa para ser feliz?
RH – Saúde e
felicidade (a gente faz dentro de nossa cabeça).
LP – Qual o
defeito que detesta em você?
RH – Ser muito
perfeccionista. Tem de estar tudo certinho.
LP – O que mais
despreza nos outros?
RH – Falsidade.
LP – Do que você
se arrepende?
RH – De nada.
LP – Uma música
inesquecível.
RH – Beautiful
Day.
LP – Um filme.
RH – Mentes brilhantes.
LP – Um livro.
RH – Semente da
Vitória de Nuno Cobra e As Sete Leis Espirituais do Sucesso de Deepk
Chopra.
LP – Herói
preferido na ficção.
RH – Superman.
LP – Quem levaria
para uma ilha deserta?
RH – Manuela.
LP – Quem
deixaria lá para sempre?
RH – Tuca Maciel. (gargalhadas, pois o Tuca estava presente)
LP – Qual seu
maior medo?
RH – Eu tinha
muito medo, mas, de um tempo para cá não tenho mais.
LP – Refeição
preferida.
RH – Eu sou eclético,
mas, o que mais me chama atenção é que quando eu era pequeno, todo
mundo ia assistir jogo de futebol na minha casa, e todos sentavam com uma
bacia enorme de pipocas na frente da tv. Eu sentava com uma bacia de
alface. Risos. Alface americana com vinagre balsâmico!
LP – Uma mulher
bonita.
RH – Minha mãe,
Dona Carmem.
LP – Um homem
bonito.
RH – (Risos, risos, Tuca fazendo pose de sedutor, risos). Sei
lá ... Brad Pitt.
LP – Uma recordação
de infância.
RH – Recordações
de quando eu jogava basquete e o quanto eu vibrava, gritava. As pessoas
acham que eu grito muito no boliche? Pelo contrário, gritava muito mais
no basquete. (risos)
LP – Perfume.
RH – Jean Paul
Gaultier.
LP – Cantor e
cantora.
RH – U2 não só
pelas canções, como pelo carisma e, pela voz, a Sandy.
LP – Ator e
atriz.
RH – Russell Crowe
e Julia Roberts.
LP – Tenho mania de ...
RH – ... treinamento.
LP – Quando quero relaxar ...
RH – ... escuto música.
LP – Gostaria de
ser por um dia ...
RH – ... um jogador
de futebol com o estádio lotado.
LP – Adoraria aprender ...
RH – ... tocar violão.
LP – Ainda quero ...
RH – ... o Pan-americano.
LP – Meu sonho é ...
RH – ... medalha de
ouro no PAN.
LP – Melhor
presente que ganhei foi...
RH – ... em 1999
quando passei meu aniversário nos Emirados Árabes, junto com a seleção
brasileira, e a esposa do João Carneiro, a Lili, ela trouxe uma argila
com uma rosinha amarela e uma azul com aquela vela de “estralar”. Todo
mundo cantou o parabéns e foi o presente que me marcou, por estar longe
de família, do país, e toda a seleção dividiu aquele momento comigo,
fizeram uma surpresa bem “legal”. Eu agradeço toda a seleção, a
todos por aquele momento. Ainda ganhei um dia antes do meu aniversário o
título de pentacampeão sul-americano.
LP – Que animal
gostaria de ser?
RH – Cachorro.
Sou louco por cachorros, já tive criação de pastor alemão. Amo
cachorros.
Entrevista concedida em
09/12/06.