Olá!!!!!
Durante
a realização da Taça Bahia 2005, tivemos o privilégio de receber
jogadores de várias partes do Brasil.
Pessoas que nunca tinham estado aqui, outras que vieram pela segunda ou
terceira vez. Mas, existe uma que já é tida “baiana de coração”,
pois, nos dá o prazer de sua presença em quase todos os torneios
homologados ou não pela CBBOL. KARLA REDIG, carioca,
administradora, trabalha na Faculdade Hélio Alonso e tem 42 anos. Com a
maior simpatia concedeu a entrevista a seguir.
LP – Por que sendo do Rio de Janeiro você
é filiada à Federação Baiana de Boliche?
KR – Porque eu fechei uma parceria com a Titila Alvarez,
já a mais ou menos 1 ano e meio. Nós jogamos todos os campeonatos
juntas. Acho que é muito bom se ter uma parceira fixa, pois passa a se
conhecer o jogo da pessoa e vice e versa, ficando mais fácil o
entrosamento. Como ela é da Federação Baiana, para a gente jogar
campeonato inclusive de clubes, eu tive que me filiar também.
LP – Há quanto tempo você joga boliche e
como ele apareceu em sua vida?
KR – Eu comecei a jogar em 1986. Sou da área de esportes
durante minha vida toda, velejei por 8 anos. Já fui a pré-olímpico, a
pan-americano, e em 1981 fui morar nos Estados Unidos. Lá eu parei de
velejar. Voltei em 1985 e uma amiga da vela, Sonia Saldanha, que hoje mora
em Brasília, jogava boliche e me levou para brincar. Essa brincadeira foi
indo, indo, indo... Em 1994 eu parei de jogar por 9 anos, retornando agora
em 2003.
LP – Por que
parou?
KR – Parei até
por causa de brigas dentro do esporte mesmo. Tinha um campeonato mundial
nos Estados Unidos que me interessava jogar, eu era a 5.ª colocada no
ranking. Convocaram as quatro primeiras, tinham duas vagas técnicas, me
pularam e convocaram a 6.ª e 7.ª colocada. Até aí tudo bem! Mas, a 4.ª
colocada, Paulete de Minas Gerais, estaria grávida de nove meses na época
do campeonato, abriu mão da vaga e ao invés de me convocarem, eu seria a
próxima do ranking, convocaram a 19.ª atleta, que era a esposa do
Presidente! Durante esse tempo eu senti que tinham roubado minha vaga,
desanimei e parei de jogar.
LP – E o que a
motivou retornar?
KR – O tempo vai
passando e a gente vai adquirindo maturidade, são pessoas que eu gosto.
Inclusive na época minha briga foi com Márcio e Lúcia Vieira, e hoje são
amigos meus, jogo na equipe deles no Rio. Acho que a maturidade faz a
gente olhar as coisas diferentes.
LP – Como foi
fazer parte da CBBOL?
KR – Eu entrei na
CBBOL meio de pára-quedas. Quando o Caco Cruz fez a chapa com o Clair
Smaniotto, eu tinha me proposto a trabalhar com ele no Rio, até porque na
empresa onde trabalho, os donos são muitos entusiastas com o esporte.
Durante o ano passado todo, nós fizemos torneio para novatos no Barra
Bowling, e conseguimos durante 10 etapas colocar uma média de 70 pessoas
jogando. O Caco me chamou para ajudá-lo e eu topei! Só que ele teve que
se afastar por motivos de saúde e o Clair assumiu. Pediram-me para ficar
e eu continuei. Há um mês me afastei.
LP – Por quê?
KR – Porque acho
que a CBBOL está um pouco confusa. Um pouco dispersa. O Clair no Mato
Grosso, o Fabinho em São Paulo
e eu no Rio de Janeiro. Era um negócio complicado de trocar idéias. Você
acaba se aborrecendo porque leva o negócio a sério. Ouvindo muita crítica
de amigos, e de vez em quando até concordando com eles, mas, como se faz
parte da Diretoria é preciso endossar o que seu Presidente está dizendo,
e às vezes eu não concordava. Eu acho o Clair muito bom na área
administrativa, mas, ele não tem a bagagem de boliche em experiência
internacional que a gente tem. Para não me aborrecer mais, resolvi abrir
mão. Mas, estou voltando!
LP – Como assim?
KR – Minha idéia
era assumir a Federação do Rio, mas, agora tem um lobby forte para eu me
candidatar a Vice-presidência da CBBOL na eleição do final do ano.
Sendo um cargo eleito, a minha função lá dentro muda muito e eu acho
importante (podem até achar bairrismo isso) ter alguém do Rio perto do
COB nesse momento em que o boliche está no Pan.
LP – Já está
decidido então?
KR – Não, não
tem nada decidido. Vamos ver como fica. A Federação do Rio está
precisando de alguém que queira trabalhar por ela. Toninho esteve
afastado por problemas de saúde, ele mora longe e quase não vai lá. No
Rio de Janeiro nós só estamos com 40 atletas jogando boliche, isso é
muito triste. Temos também o problema da segurança, as pessoas tem medo
de ir a noite para a Barra da Tijuca jogar boliche, pois o acesso ao
bairro é perigoso, é necessário passar por lugares como a Rocinha e o
retorno de madrugada ainda é mais difícil. Temos que fazer alguma coisa
para reverter o quadro do boliche no Rio.
LP – E essa
segurança não vai atrapalhar o Pan?
KR – Eu trabalhei
na Eco 92. Foi tranqüilo, com o exército nas ruas. Junto com os tanques.
O Rio viveu um momento de tranqüilidade na época da Eco. Acredito que
viverá também na época do Pan. Infelizmente é setorial e somente nesse
período!
LP – Hoje quem é
o Presidente da Federação Carioca?
KR – Toninho
Carvalho. O mandato dele acaba esse ano.
LP – Quais são
os atletas que tem chances de participarem do Pan, em sua opinião?
KR – Acho o
masculino mais fácil do que o feminino. Tem muita gente nova (de idade)
boa, como o Juliano Oliveira, Rodrigo Hermes. Diria que são os mais
certos. Mas, lutando por fora temos o Marcelo Suartz (que falta experiência
internacional), o Fábio Rezende, que apesar de não ter o dom de jogar
boliche, ele transformou essa dificuldade em um “mental game”, treina
muito e leva a coisa com seriedade.
LP – E no
feminino?
KR – É muito
complicado porque não se tem renovação. As meninas começam a jogar,
depois aparecem os namorados, a faculdade e elas acabam parando. Luiza
Rocha seria um nome, mas, que infelizmente parou de jogar, Carol Castro
que também parou. Diz ela que está voltando, vamos ver. Acho que hoje
teríamos Jacque Costa, provavelmente eu diria Roseli Santos e Lea Castro.
LP – Seu hobby?
KR – Internet e
gosto de ler.
LP – Fuma ou bebi
quando joga?
KR – Nem fumo e
nem bebo.
LP – Seu melhor
momento no esporte?
KR – A Taça Rio
nesse ano. Joguei com a Titila e no segundo dia já tínhamos segurado o título
com 700 pinos na frente da segunda dupla. Ganhei o all events também.
LP – Pior
momento?
KR – Foi a decepção
de não ter sido convocada em 1994 para o campeonato mundial nos Estados Unidos.
LP – Qual o título
mais importante de sua trajetória?
KR – O primeiro
Campeonato Brasileiro de Clubes que eu joguei. Com a Tininha e a
Margarida. Eu não dormia, não comia de ansiedade. Nós ganhamos em 1.º
lugar.
LP – Melhor
jogador da Bahia?
KR – George
White. Acho Tuca Maciel e Carlos Salgado grandes jogadores, mas, eles
complicam demais o jogo deles e George tem o jogo mais simples!
LP – Melhor do
Brasil?
KR – Ainda sou fã
do Márcio Vieira.
LP – Sua maior
virtude como jogadora?
KR – A alegria.
Jogo por alegria. Para me divertir.
LP – Meta como jogadora ...
KR – Não tenho
nenhuma, enquanto estiver me divertindo quero jogar. Não tenho aspirações,
não tenho vontade de Pan. Tive muita realização na vela, títulos. Eu e
Titila somos provavelmente umas das poucas atletas que já fizeram parte
de duas seleções, em dois esportes diferentes.
LP – E longe das
pistas?
KR – Tenho muito
a oferecer. Já falei há um tempo atrás que na hora em que eu assumisse
alguma federação ou algo assim, eu pararia de jogar competitivamente. Ou
se joga para se divertir e não esquentar a cabeça, ser atleta, ou se é
dirigente. Não se vê atleta no vôlei sendo dirigente do vôlei. Não se
vê isso em esporte nenhum. Do mesmo jeito que não se vê o jogador sacar
a bola (vôlei), sair, dar um trago no cigarro e voltar para cortar.
LP – Qual o
conselho para os que estão começando no boliche?
KR – Primeira
coisa selecionar quem você vai ouvir. É fundamental. Todo mundo acha que
sabe ensinar o outro a jogar boliche. Escutar uma pessoa apenas. Não
adianta ter dez bolas para quem está começando. Começar com calma. Até
o ano passado eu jogava com duas bolas. Giro não é tudo. Jogar bonito não
é tudo. Tem que jogar eficiente. Selecione quem vai ouvir!
Entrevista concedida em 01-11-05