Olá!!!!!
Desta vez nosso convidado não é baiano. Atleta formado em contabilidade,
casado, dois filhos, o rapaz já com 20 anos e a moça com 17
(ex-jogadores de boliche), é uma pessoa determinada, e por adorar
desafios, hoje exerce uma função muito significativa no esporte.
Nascido
no Estado do Mato Grosso do Sul, CLAIR SMANIOTTO, apesar de
“abarrotado” de tarefas durante o XX Campeonato Brasileiro de Boliche,
realizado na cidade de Salvador, com sua humildade e simpatia, falou um
pouco do que é ser atleta e Presidente da Confederação Brasileira de
Boliche.
LP
– Há quanto tempo joga boliche e como começou?
CS
– Comecei jogando por brincadeira, pessoas da Federação me
convidaram para jogar uma competição, participei e gostei, não parando
nunca mais. Eu jogo boliche há dez anos, mas, na verdade eu aprendi a
jogar há três anos atrás. Anteriormente eu apenas participava de competições,
e por volta de 2001, 2002, comecei a ter noção realmente do esporte,
melhorei minha média, saltou de 170 para 190.
LP
– Teve algum treinador no aprendizado?
CS
– Na verdade o técnico que temos, são os atletas de ponta. Você
chega, tenta se espelhar nele, fica observando. Nós temos hoje vários
atletas que servem como modelo, Márcio Vieira, Fábio Rezende, Juliano
Oliveira, Walter Costa, entre outros também na parte feminina. Acabei me
espelhando em dois ou três desses atletas, mas, descobri que olhar não
é suficiente para se aprender a jogar. Foi quando já como Presidente da
Federação do meu Estado (MS), contratei Benê Villa. Foram oito dias de
clínica. E foi aí que eu pude ver o que é, e, inclusive
o porquê jogamos boliche.
LP
– Como aconteceu a presidência da Confederação?
CS
– Bom, na verdade, eu trabalhei dez anos como Presidente da minha Federação.
E tanto uma como a outra, aconteceu quase que “caindo para mim”.
Vou explicar! No segundo ano em que eu estava “brincando” de
boliche ainda, eu entrei como Diretor Financeiro da Federação do Mato
Grosso do Sul, logo em seguida o Presidente renunciou, não existia o
vice, portanto, eu acabei assumindo. Levei um ano para levantar documentação,
o segundo ano foi de aprendizado, entender como funcionava. Houve uma
outra eleição e fui eleito por aclamação, foi reformado o estatuto por
quatro anos, sendo reeleito também por aclamação. E a CBBOL, não foi muito
diferente. Já era um projeto meu, pois, como atleta eu não teria muita
expectativa pela frente, e comecei a gostar da parte administrativa do
esporte. Pensei: eu vou ser Presidente da Confederação um dia. Em 2004
fiquei afastado por seis meses, sofri um enfarto, e quando retornei, ainda não
pretendia ser Presidente, queria ser vice, para não passar pela experiência
que tive na Federação. Porém, infelizmente o Caco, que era o
Presidente, teve que se afastar por problemas de saúde, renunciou, e eu
tive que assumir. Mas, acredito que nada na vida é por acaso, tudo
acontece na hora certa. Resolvi assumir e vou tocar com o maior zelo e
cuidado possível.
LP
– O que é preciso ser feito para que se consiga um maior apoio para o
esporte? Temos um bom exemplo do Estado do Pará. É difícil?
CS
– Eu quando Presidente da Federação do Mato Grosso do Sul, na verdade
esses projetos esportivos se iniciaram lá, em 1999 nós começamos a
trabalhar junto ao Governo do estado para conseguir recursos. Por ser um
esporte amador, não se encontra na mídia, se tem mais dificuldades. Aos
poucos fui conquistando espaço e acabei sendo inclusive, o Presidente do
meu Estado da organização que abrange todas as Federações de Estado.
Brigamos junto ao Governo e conseguimos 0,3 % da arrecadação do ICMF, e
hoje é Lei, todo Governo que assumir, terá que nos repassar essa verba,
é uma verba destinada ao esporte. Quem administra isso hoje são as
Federações. Para a Confederação Brasileira, isso não é diferente. O
que falta na verdade é dedicação, pessoas que
corram atrás. Não se pode ficar esperando. O boliche não se
resume a simplesmente vir aqui e derrubar pinos. Não é só isso. A intenção
minha e da CBBOL não é só essa. Esse é meu primeiro ano de gestão,
existe muita coisa para ser feita. Questão de patrocínio e questão
financeira da CBBOL, nós temos hoje um Diretor que está trabalhando
junto a empresas e entidades privadas a fim de conseguir recursos.
Acredito que é só sair a definição do PAN
2007, que será agora em agosto, a CBBOL com certeza terá uma reviravolta
na questão financeira. Os atletas vão se orgulhar de serem atletas de
boliche!
LP
– A gente consegue o PAN?
CS
– Particularmente nunca tive dúvidas quanto ao boliche estar no
PAN em 2007. Em fevereiro quando assumi, tivemos uma reunião no Rio de
Janeiro com o Presidente da FIQ da zona americana, Sr. Alberto Ferrer, e
ele nos garantiu que o boliche estaria no PAN. O levamos ao Boliche do
Barra no Rio, onde ele ficou impressionado com as instalações, e
disse que temos todas as condições para sediar o PAN. Posteriormente
conversei com o Vice-Presidente do COB, Sr.
Richier e com o Superintendente Sr. Pery, ao qual foi dito que não se via
problema algum do boliche estar no PAN. Inclusive o COB ligou e marcou
para semana que vem uma matéria sobre boliche para a SporTV com Márcio
Vieira e Caco Cruz. Dentro do que é possível trabalhar para se conseguir
o PAN, a CBBOL está fazendo, infelizmente não somos nós que decidimos,
nem o COB, e sim a ODEPA.
LP
– Como o atleta pode contribuir para a inclusão do boliche no PAN?
CS
– Colocar o boliche no PAN, não cabe a nós isso, nem é possível, porém,
a colaboração que o atleta pode dar é competir, dar o máximo de si,
representar bem o esporte, esse é o papel fundamental do atleta. Eu sou anti-tabagismo
e anti-álcool, são duas atitudes que realmente eu condeno, não combina
com esporte. Mas, toda pessoa é livre para escolher o que quer da sua
vida. Não sou eu que vou recriminar quanto a isso. Agora, eu determino
bem o seguinte, atleta é uma coisa, jogador é
outra! Então nós temos hoje, atletas de boliche e uma boa quantia de
jogadores de boliche. Para se diferenciar isso: atleta é aquele que se
porta como tal enquanto estiver competindo, que sabe ganhar, que vibra
quando ganha e procura saber o porquê que ele perdeu. Ele não questiona
as condições, pois elas são pré-estabelecidas e iguais para todos, não
visa beneficiar um ou outro. O que existe é o atleta
com maior conhecimento, possui mais equipamentos, estuda, se
aperfeiçoa, e é mais do que lógico que esse atleta tenha melhores condições
de ganhar. Por outro lado temos o jogador, que não se preocupa em
estudar, em aprender, vem para uma competição sem material adequado,
para fazer “festa”, dizer que boliche é uma diversão. Acho que lógico,
o boliche tem que atender o que quer diversão e ao que quer competir. Um
dos projetos da CBBOL é justamente esse. Aperfeiçoar o atleta e dar
condições para que o “jogador” também participe. Que se divirta, e
um dia quem sabe, esse “jogador” possa ser um atleta também!
LP
– Brasileiro Individual em Salvador, problemas?
CS
– Me diga o que hoje se faz fora do eixo Rio/São Paulo, que seja bem
quisto, bem visto? Não estando nesse eixo, você é questionado, dizem
“não vai dar certo”, vira polêmica. Colocar o desafio na frente é
bom para que o atleta teste sua capacidade. A Bahia nos recebeu da melhor
maneira possível, com cordialidade fenomenal, gostei muito daqui. Mas, não
é por causa disso que Salvador foi escolhida! As condições que a Federação
Baiana nos ofereceu, foram excepcionais, em momento
algum até hoje, uma Federação (não estabelecimento comercial),
ofereceu as condições que a Federação Baiana nos ofereceu! Não
confundir casa de boliche com Federação. O que eu pretendo fazer também,
é que as Federações junto com a CBBOL trabalhem para que os Campeonatos
Brasileiros sejam bem vistos, e que haja uma satisfação em sediá-lo. Hoje, infelizmente não é dessa maneira. É a CBBOL que tem que correr atrás,
discutir junto à casa de boliche, negociar preço da inscrição, hora
pista. Em minha opinião, as Federações tinham que participar mais com a
Confederação. Brigar e ter o orgulho de sediar um Brasileiro na sua
Federação. A Bahia foi um excelente exemplo para as outras Federações.
Briguem para isso! E não apenas dizer: isso é um trabalho da CBBOL, ela
que resolva. Na verdade eu tive apenas duas ou três contestações, do
porque do Brasileiro na Bahia, mas na grande maioria foi muito bem aceito.
Todos disseram: parabéns por ter a coragem de fazer na Bahia, de sair do
eixo Rio/São Paulo, todos os atletas estarão presentes, como estão.
Estou muito satisfeito com essa decisão.
LP
– Outro hobby?
CS
– Pescar. Adoro pescar em rio, pesqueiro. Largo quase tudo para pescar.
LP
– Que material você usa?
CS
– Tenho uma bola que Márcio Vieira furou para mim, uma Blade,
tenho uma Hammer e uma Fenow, todas de 15 libras.
LP
– Melhor momento no esporte ...
CS
– A conquista da taça Brasília junto com meu filho, em 2000.
LP
– Pior momento ...
CS
– Não diria que na vida você tem pior momento, digo que na vida são
momentos de maior dificuldade. E a maior dificuldade, o pior momento que
tive, foi a última assembléia na CBBOL, nós
retroagimos seis anos no boliche, infelizmente! Como atleta, é quando se
percebe que os outros atletas não levam a coisa a sério.
LP
– Título importante conquistado ...
CS
– Em 1999, Brasileiro de Clubes em Curitiba, eu conquistei o all events,
a maior partida, maior série, a fase individual e 3.º lugar no terceto. Um
momento histórico para mim, não esqueço!
LP
– Qual o melhor jogador do Brasil hoje?
CS
– Temos três referências. Rodrigo Hermes, Fábio Rezende e sem
sombra de dúvidas, o verdadeiro atleta, Márcio Vieira.
LP
– E na Bahia?
CS
– Conheço Carlos Salgado, George White, Allan, Fábio Ribeiro, Hélio
Passos, Sergio Maia. Acredito que o melhor baiano hoje seja o Tuca Maciel.
LP
– Qual sua meta como
jogador?
CS
– Continuar me mantendo na 2.ª divisão, sonho com a 1.ª, quem sabe um
dia? Agora como Presidente da CBBOL vai ser mais difícil ainda. Mas quero
continuar jogando.
LP
– Um recado para quem está começando ...
CS
– Disciplina. Palavra chave na vida de qualquer pessoa. Ser um atleta ou
um jogador. Decida antes de começar, pois são caminhos diferentes. Se
quiser ser um atleta, primeira coisa é a disciplina, se espelhar nos
atletas de ponta, buscar conhecimentos, ler, estudar, praticar e levar a sério.
Competir, treinar, treinar, treinar. Se quiser ser um jogador, que também
é bem vindo, não precisa ter um material específico, brinque e se
divirta.
Entrevista concedida em 18-06-05